Excesso de videoconferência pode levar a exaustão mental
Pessoas que já tem algum quadro de saúde mental podem ser mais propensas a desenvolver o Zoom Fatigue
Em tempos de isolamento social, aplicativos de vídeos transformaram-se em acessórios indispensáveis no home-office. Após uma sucessão de reuniões diante da tela, o cérebro revela uma fadiga podendo provocar exaustão mental.
As vídeochamadas de repente passaram a ser ferramenta essencial no dia a dia de muitas pessoas, seja para um bate-papo informal com familiares ou amigos, para o home-office ou para aulas que agora também são remotas.
Para cada uma dessas atividades o cérebro é estimulado e levado a sensação de exaustão. O desgaste pode ser ainda maior mesmo não havendo o deslocamento da residência até o local, que poderia gerar um certo consumo físico.
O esgotamento provocado pelo aumento de estímulos gerados por uma tela de computador faz com que o cérebro gaste muito mais energia para fazer a captação e interpretação de tudo que é necessário durante os encontros virtuais.
De acordo com o coordenador do curso de Psicologia da Universidade UNIVERITAS, André Novaes, nós seres sociais e que acostumados com a interação presencial, quando realizamos uma reunião ou temos um encontro com alguém, não observamos apenas a fala ou tom de voz da pessoa, mas naturalmente nosso cérebro faz toda uma leitura de comportamentos não verbais, respiração, olhares e até mesmo linguagem corporal, fatores estes que facilitam nossa vivência e compreensão com um gasto energético menor; com a ausência desta possibilidade de leitura, aumenta o esforço do nosso cérebro para decodificar tudo que pode haver num contato gerado por uma reunião.
“Quando falamos de sensação e percepção é importante ressaltar que cada pessoa terá uma forma de processamento das informações e estímulos as quais é exposta. A própria luz emitida pela tela do computador e as múltiplas imagens das pessoas participantes da reunião, acabam por gerar a sensação de exaustão ocasionada pelas vídeochamadas”, analisa.
“Pessoas que já têm algum quadro de saúde mental podem ser mais propensas a desenvolver o Zoom Fatigue (termo em inglês, que faz menção a um dos mais populares programas de videoconferências), em razão de já haver uma alteração no funcionamento cognitivo da pessoa.
Uma questão que pode gerar também um maior desgaste é a qualidade ruim da chamada que gera atrasos nas falas ou imagens distorcidas que mais uma vez geram um esforço maior para que o cérebro consiga fazer toda codificação das mensagens que precisam ser absorvidas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece que saúde não é apenas a ausência da doença, mas o bem estar biopsicossocial e, algumas pesquisas têm apontado para o fator espiritual.
Diante disso, é importante que neste momento em que o avanço tecnológico foi trazido a “fórceps” por esta pandemia, cada um de nós estabeleça rotinas mais saudáveis; a prática esportiva pelo menos três vezes por semana com média de 45 minutos, produz em nosso organismo a liberação de neurotransmissores como serotonina e endorfina, responsáveis pela sensação de bem estar, uma rotina adequada de sono também é extremamente importante; saber colocar limites para execução do trabalho e tempo de descanso, uma vez que estamos trabalhando em casa mas não podemos permitir que o trabalho ocupe mais tempo do que anteriormente; praticar um hobbie também é outro fator que tem potencial para nos auxiliar a enfrentar este momento de uma forma mais adequada”, finaliza.