É comum ter síndrome dos ovários policísticos na adolescência?
Ultrassom não deve ser critério de diagnóstico
“Ovários aumentados com padrão micropolicístico são habituais na adolescência, sem associação a qualquer doença, portanto, o ultrassom não deve ser critério de diagnóstico de síndrome do ovário policístico (SOP) nesta fase, e não se recomenda sua solicitação até oito anos após a primeira menstruação com a finalidade desse diagnóstico”, alerta Dra. Larissa Garcia Gomes, diretora da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP).
A endocrinologista explica que diagnosticar SOP na adolescência requer cautela, pois muitas de suas características são comuns na fase de maturidade do eixo reprodutivo: irregularidade menstrual é típica no primeiro ano, e ciclos entre 21 até 45 dias são usuais até três anos após a primeira menstruação.
Acne é outro achado comum na adolescência, devendo ser investigadas causas hormonais nos casos de acne grave.
A síndrome dos ovários policísticos é uma disfunção ovariana crônica, que acarreta excesso de produção de hormônios androgênicos, como testosterona e precursores da testosterona como androstenediona, quadro de anovulação que se manifesta clinicamente com irregularidade menstrual, podendo estar associado ao achado no exame de ultrassom de ovários com padrão micropolicístico.
Sinais
Aumento de pêlos corporais, em virtude do excesso de testosterona, acne grave e queda de cabelo, irregularidade menstrual com ciclos de intervalos muito curtos ou muito prolongados.
“A síndrome também tem associação com aumento de risco de doenças metabólicas como diabetes, obesidade, hipertensão arterial, alteração do perfil do colesterol, esteatose hepática (gordura no fígado) e apneia do sono”, complementa Dra. Larissa.
O médico deve estar atento ao excesso de pêlos grossos, em regiões de distribuição de pêlos corporais tipicamente masculinas como buço, mento (parte inferior da face, abaixo do lábio inferior) e tórax, associado ao aumento de concentrações hormonais da testosterona e presença de irregularidade menstrual com ciclos mais longos que 45 dias, ou mesmo ausência de menstruação por vários meses.
“O diagnóstico da SOP na adolescência exige a presença de todos esses achados para se estabelecer o diagnóstico de certeza. A presença de um dos sintomas indica risco aumentado de SOP, e deve manter seguimento clínico”, comenta a médica.
Na adolescência devem ser solicitados apenas os exames hormonais como testosterona e androstenediona para confirmar o diagnóstico. Tais dosagens devem ser realizadas sem uso de anticoncepcional e colhidas no início do ciclo menstrual (fase folicular).
“Importante lembrar que a SOP é um diagnóstico de exclusão, e o diagnóstico de hiperplasia adrenal congênita (forma não clássica), hiperprolactinemia, hipotireoidismo, síndrome de Cushing, síndromes de resistência insulínica grave e tumores virilizantes devem ser descartados” conclui a endocrinologista.
O tratamento vai depender dos sintomas, mas para excesso de pelo, acne grave e irregularidade menstrual na SOP é recomendado o contraceptivo oral combinado.
A prevalência geral da SOP é de 8% a 13% das mulheres. As adolescentes com risco aumentado por apresentar um dos sinais clínicos devem ser acompanhadas por um especialista, para confirmação do diagnóstico durante acompanhamento.
Sobre a SBEM-SP
A SBEM-SP (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do Estado de São Paulo) pratica a defesa da Endocrinologia, em conjunto com outras entidades médicas, e oferece aos seus associados oportunidades de aprimoramento técnico e científico. Consciente de sua responsabilidade social, a SBEM-SP presta consultoria junto à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, no desenvolvimento de estratégias de atendimento e na padronização de procedimentos em Endocrinologia, e divulga ao público orientações básicas sobre as principais moléstias tratadas pelos endocrinologistas.