Consequências do isolamento social podem gerar ou agravar doenças

Pneumologista de Campinas fala sobre como a queda nos níveis de exercícios e a falta de acompanhamento médico em geral está afetando o nosso organismo

Aumento de peso, diminuição na prática de exercícios físicos, maior percepção de estresse, além da dificuldade de ir ao médico para consultas de rotina ou mesmo para o acompanhamento de doenças crônicas. Esses são alguns dos impactos do isolamento social na saúde e na vida do brasileiro desde que a pandemia de Covid-19 chegou ao país.

Afinal, a necessidade de ficar em casa e o medo de se contaminar não só aumentaram o sedentarismo das pessoas, como também fizeram com que muitos pacientes tivessem o tratamento de suas doenças interrompido. Essas alterações em pilares da saúde são comprovadas por diversos estudos e estão afetando o bem-estar e, consequentemente, o organismo da população como um todo. De acordo com estudo realizado pelo Ipsos Global Advisor, a redução de atividade física no Brasil chegou a 29%.

Assim, uma nova e silenciosa pandemia começa a surgir, carregada de uma das maiores consequências desse período: o medo. Muitas pessoas estão relatando não conseguirem realizar exercícios físicos devido ao cansaço e à falta de ar, e acabam tendo medo de que, essas, possam ser sequelas do Covid-19 ou ainda sintomas de alguma outra doença qualquer. E muitos pacientes de doenças crônicas, respiratórias ou não, estão procurando ajuda médica por medo de que suas condições clínicas tenham piorado. Uma pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Medicina aponta que 27,5% dos médicos notaram que pacientes com doenças crônicas abandonaram ou postergaram seus tratamentos.

“Quando um paciente chega até mim e faço a avaliação, muitas vezes constato que as queixas relatadas por ele são apenas reflexo de um longo período de isolamento”, diz Ronaldo Macedo, coordenador do Ambulatório de Doenças Pulmonares Difusas/Intersticiais do HC da Unicamp. “Os sintomas podem preocupar por serem relacionados a algum tipo de doença ou a sequelas do coronavírus, mas eles podem ser apenas uma consequência da falta de atividade física, da mudança na rotina, na alteração das atividades diárias, tudo que tivemos que enfrentar durante a quarentena”, completa o especialista.

Prevenção e acompanhamento são importantes aliados para diagnósticos mais precisos e para o tratamento completo de doenças crônicas. E não apenas delas, ter uma orientação médica frequente é fundamental para o cuidado e manutenção de uma vida saudável. O pneumologista ainda diz que continuar se exercitando também é importante para a saúde metabólica, óssea, muscular, cognitiva e mental do nosso corpo. Por isso, é hora de voltar às consultas de rotina e adaptar os exercícios em casa respeitando, é claro, os protocolos de segurança. Vale ressaltar que qualquer prática de exercício deve ser avaliada e liberada por um médico.

Sobre o Dr. Ronaldo Macedo

Ronaldo Macedo é pneumologista formado pela Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, tendo participado como Observer Fellow no Serviço de Transplante Pulmonar no Toronto General Hospital, no Canadá. Trabalha há quase 10 anos no Hospital de Clínicas da Unicamp, onde é coordenador do Ambulatório de Doenças Pulmonares Difusas /Intersticiais (ambulatório de referência na Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia), e no Hospital Vera Cruz / Campinas. É também professor da disciplina de Emergências Respiratórias na pós-graduação de Medicina de Emergência do Instituto Terzius. Para saber mais sobre o especialista, visite https://drronaldomacedo.com.br/ ou siga a página no Instagram @drronaldomacedo

 

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