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Obesidade: uma doença grave e de difícil tratamento

Atualmente no Brasil, o excesso de peso foi registrado em mais da metade da população, enquanto a obesidade foi constatada em 18,9%, segundo dados do sistema de Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico (Vigitel) do Ministério da Saúde.

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Um relatório divulgado pela World Obesity Federation revelou que os custos anuais com os problemas de saúde ocasionados pelo excesso de peso subirão de US$ 16,7 bilhões em 2014 para US$ 34 bilhões em 2025.

O relatório aponta que nos próximos oito anos, a estimativa é de gastos de US$ 252 bilhões. Ainda se estima que em 2025 existirão 2,4 bilhões de adultos com sobrepeso e 800 milhões de obesos no mundo.

Com este cenário, os procedimentos bariátricos se tornam opções para o paciente com obesidade, que a partir dos mesmos consegue uma janela terapêutica, ou seja, emagrecer e permanecer magro por um bom tempo, variando de acordo com o modelo cirúrgico ou endoscópico utilizado.

Mas será que a cirurgia bariátrica pode ser encarada como um recurso definitivo contra a obesidade?

Acredito que o importante quando se deseja tratar o peso é justamente, não tratar somente o peso, pois esse é apenas um sintoma do problema.

Temos que discutir a síndrome da obesidade, debatendo suas causas, que acabam por levar ao ganho de peso.

Independente da técnica utilizada para a perda de peso, o fundamental é abordar a obesidade como síndrome que é, abordando seus fatores desencadeantes, com boa psicoterapia, reeducação alimentar, incorporando a atividade física no dia a dia, e aceitando a necessidade da mudança de estilo de vida.

É muito comum, que o paciente procure realizar a cirurgia bariátrica pensando que o procedimento irá resolver seus problemas com o peso e que o mesmo nunca mais vai precisar se preocupar ou fazer nada a respeito.

Recentemente, se constatou que alterações hormonais podem contribuir para o reganho de peso, mas sua participação é pequena em vista da relevância de um bom tratamento multidisciplinar.

O tratamento para o emagrecimento deve ser iniciado em uma consulta, onde se avalia qual o método ideal para cada paciente, seja pelo método clássico baseado em dieta e atividades físicas; método farmacológico; método endoscópico; ou método cirúrgico.

Os métodos farmacológicos de emagrecimento embora tentadores, pois, aparentemente não são invasivos, podem causar um desequilíbrio bioquímico que dificulta significativamente a fase de estabilização do peso, levando o paciente quase sempre a um efeito sanfona intenso.

O ideal seria que o paciente conseguisse emagrecer somente com o método clássico, com nutrição, e atividades físicas, mas este se mostra ineficiente na prática, tendo quase sempre como resultado final o abandono do tratamento após dois ou três meses.

O ser humano moderno é em geral ansioso e anseia por resultados imediatos.

Ao perceber que suas ações não estão surtindo mudanças rápidas, os pacientes costumam abandonar o tratamento.

Observo que neste processo, os procedimentos bariátricos e endoscópicos (balão intragástrico e a gastroplastia endoscópica), podem contribuir dando respostas mais palpáveis e impulsionando o tratamento multidisciplinar, que por sua vez irá assegurar a estabilização do peso.

Na maioria dos casos, os pacientes podem ir para casa no mesmo dia de ocorrência destes procedimentos.

No entanto, os mesmos devem iniciar a alimentação seguindo uma dieta líquida e leve e ainda seguir orientações de uma equipe multidisciplinar formada por um cirurgião bariátrico, endocrinologista, psiquiatra, psicólogo, nutricionista e preparador físico, para que um novo estilo de vida seja adotado.

É recorrente que pacientes que passaram por procedimentos cirúrgicos e não se preocuparam em fazer um tratamento multidisciplinar adequado, comecem a engordar novamente e tenham a longo prazo, a recidiva da obesidade.

Percebo, que é de grande importância que a obesidade seja entendida como uma doença grave e de difícil tratamento, necessitando de controle constante, mesmo em casos em que o paciente opte pelo tratamento cirúrgico.

Leonardo Salles de Almeida, cirurgião bariátrico e diretor do Instituto Mineiro de Obesidade (IMO).

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