Fim de ano: o estresse de ocasião

Com a chegada das festas do fim de ano, a maioria das pessoas sente um misto de sentimentos.

Além do cansaço por todo um ano de trabalho e o estresse dos preparativos das festividades, ainda ficamos descontentes ou eufóricos por ter conquistado ou não tudo que planejamos no período que se encerra.

Sem falar no planejamento orçamentário para as conta que virão no início de ano, como IPVA e IPTU.

 “No fim das festas, ou mesmo durante o corre-corre que as antecede é comum ouvir reclamações de dores musculares, dores de cabeça, taquicardia ou pressão alta. Sem falar de angústia e depressões mais sérias”, afirma a médica e psicanalista, Soraya Hissa de Carvalho.

 

Corre-corre

A fadiga e o estresse não poupam ninguém.

Quem vai às comprar enfrenta situações que colocam a paciência e a tranquilidade à prova. Quem viaja tem que encarar o trânsito, a maratona de arrumar as malas, aeroportos e rodoviárias lotados, além de enfrentar burocracia. Quem atua no comércio, no último mês do ano trabalha dobrado.

Segundo Soraya é nesse momento de correria e mil coisas para pensar, além do cansaço de um ano inteiro de atividades intensas, que o corpo pede socorro.

Diante de tantos conflitos diários, ele pode sinalizar que precisa de cuidado e sossego. Por isso, devemos ficar atentos a nos mesmos.

“A tensão do fim do ano pode funcionar como a gota d’água de um processo de fadiga que se acumulou dia a dia, mês a mês. Os resultados, em geral, são sérias consequências para a saúde corporal” afirma a médica.

 

Sinalização do corpo

O estresse é o primeiro sinal dado pelo corpo. É uma forma do organismo se defender de toda essa agitação e modificação emocional pelo qual passamos.

“Para saber exatamente qual a melhor escolha, o cérebro desenvolveu um mecanismo que em apenas sete segundos dá o comando para o corpo reagir ou fugir.

Nesses segundos, a pressão arterial aumenta, a respiração acelera, pés e mãos se tornam frios.

Desaparece a sensação de fome, pois o organismo precisa de toda a energia para lutar. Junto a essas reações, o corpo descarrega uma série de substâncias, entre elas um hormônio chamado adrenalina”, explica a médica.

Na época das cavernas, o homem podia escolher lutar ou fugir, o homem atual muitas vezes tem que engolir sapos e aguentar a pressão.

Com isso, as substâncias vão sendo acumuladas no organismo, o que, em excesso, pode provocar doenças.

“Nem sempre dá para lutar e muito menos fugir. As regras sociais, muitas vezes, exigem que se aguente calado situações adversas. O resultado disso é que o corpo mantém-se em estado de alerta e acumula adrenalina”, continua Soraya. 

 O corpo começa então a reagir a essa adrenalina excessiva. Os primeiros sintomas, em geral, segundo a médica, são dores de cabeça, enxaqueca, bruxismo (ranger os dentes durante a noite), pressão alta, dores musculares, irritabilidade e queda de cabelo.

Na segunda fase, o corpo reage aos sintomas disfarçando-os. A terceira acontece de uma hora para outra.

É nesse momento que surgem os distúrbios mais sérios e complicados, como: síndrome do pânico, depressão, úlcera, hipertensão e problemas cardíacos.

A psicanalista explica que com a emoção e o sentimentalismo aflorado nessas datas, junto à correria para finalizar um ano e iniciar o outro sem nenhuma pendência, as doenças se manifestem com mais frequência.

“É o que chamamos de estresse de ocasião. O nível de substâncias químicas no corpo, entre elas a adrenalina, sobe ainda mais e sobrecarrega o coração e o corpo como um todo”, completa.

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