Elimine a barriga e proteja os pulmões
A obesidade adquiriu status de doença epidêmica e já foi diagnosticada como causadora de males que vão de infartos e derrames a tumores.
Estudos recentes revelam que o excesso de peso compromete o aparelho respiratório.
O acúmulo de gordura, especialmente a que se aloja no ventre, atrapalha a atividade dos pulmões, agravando quadros bastante comuns, como asma, bronquite crônica e até pneumonia – uma das principais causas de internação no Brasil, independentemente do peso.
Em termos práticos, isso não significa apenas menos fôlego para subir uma escada ou praticar um esporte, algo vivenciado por qualquer pessoa com excesso de peso e sedentária. Se já houver algum problema nos pulmões, o excesso de gordura tende a potencializá-lo.
E, seguindo essa lógica, ficaria mais difícil se recuperar e preservar o fôlego e a qualidade de vida.
A barriga pressiona literalmente os órgãos que regem o sistema respiratório.
O excesso de gordura no abdômen eleva o diafragma, o músculo da respiração, e aperta a caixa torácica. Com isso, diminui a reserva de oxigênio destinada às situações de maior desgaste. Quem sofre mais é a base dos pulmões, que fica hipoventilada.
Essas áreas que permanecem com menos ar são mais suscetíveis a infecções. Aí, se uma pneumonia aparece, a probabilidade de ela progredir é bem maior.
O cenário fica preocupante para as vias aéreas se levarmos em consideração que, os quilos indesejados abalam nosso escudo natural contra vírus e bactérias.
Já é comprovado que a obesidade enfraquece o sistema imunológico, contribuindo, assim, para as infecções respiratórias. E a gordura na linha da cintura exerce uma atuação ainda mais prejudicial.
É que o tecido adiposo no interior do abdômen libera substâncias que incentivam processos inflamatórios. Esse fenômeno não só enfraquece as defesas como tem repercussões diretas na árvore respiratória.
Quando já há uma inflamação nessas áreas – situação típica da asma, da bronquite e da doença pulmonar obstrutiva crônica, a DPOC -, as moléculas fabricadas pela barriga causam mais distúrbios, como por exemplo, as crises de falta de ar.
O obeso carrega mais substâncias inflamatórias e elas têm uma ação tanto sistêmica como local.
Sabe-se que uma das principais moléculas envolvidas com a inflamação na asma é produzida pelas células de gordura. Não é que os quilos a mais levem a esse distúrbio, mas sim, um indício de que eles podem torná-lo mais grave e resistente aos tratamentos.
Os dois motivos pelos quais a barriga atrapalha a função e predispõe a doenças respiratórias:
- A gordura abdominal excessiva promove uma reforma indesejável à região da caixa torácica. Ela eleva o diafragma e pressiona a base dos pulmões, que fica hipoventilada, ou seja, menos abastecida de ar. Esse abalo na função pulmonar diminui o fôlego e prejudica a reação diante de eventuais infecções, o que facilitaria pneumonias.
- O tecido adiposo da barriga ainda libera substâncias inflamatórias que, trafegando pela circulação, podem ancorar nos pulmões, estimulando processos inflamatórios já existentes – como os que ocorrem na asma e na bronquite. As crises de falta de ar tornam-se, então, muito graves e frequentes.