Como se proteger de doenças infecciosas na primavera
Médica especialista em imunização alerta sobre risco de aumento de casos de catapora, dengue e febre amarela nesta época do ano
A primavera chegou e, junto a ela, um alerta para um conjunto de doenças que pode se espalhar com facilidade. O clima seco e o aumento da temperatura propiciam a propagação de agentes infecciosos. Estar com a carteira de vacinação em dia é importante para encarar com saúde a estação mais colorida do ano. Segundo a Dra. Melissa Palmieri, coordenadora médica do Grupo Pardini e especialista em Vigilância em Saúde, doenças típicas da infância como escarlatina, roséola e catapora têm maior incidência neste período. Todas são transmitidas pelo contato com pessoas infectadas, por meio da saliva, do espirro e de objetos contaminados.
CATAPORA
A varicela (catapora) é uma doença típica da infância, e 90% dos casos acometem menores de 12 anos. A vacinação pode ser feita no serviço público de saúde em duas doses: uma aos 15 meses e outra aos 4 anos de idade. Contudo, a Sociedade Brasileira de Imunizações recomenda as duas doses da vacina ainda mais cedo: aos 12 e 15 meses. “No serviço privado, a proteção com a segunda dose pode ser feita mais precocemente e isto é um benefício interessante”, explica Dra. Melissa.
A catapora é caracterizada por febre acompanhada de lesões na pele, que são altamente contagiosas. As “bolinhas” provocam coceira, que pode deixar marcas e acabar evoluindo para uma infecção de pele secundária (por agentes bacterianos). Em casos mais graves, pode se tornar uma varicela hemorrágica, quando as lesões na pele apresentam bolhas com conteúdo de sangue. Se uma pessoa teve contato com alguém infectado e não tem certeza se está protegido, seja porque não sabe se tomou a vacina ou se teve a doença no passado, ela tem até 96 horas para tomar a vacina e evitar o desenvolvimento da doença ou minimizar a gravidade.
FEBRE AMARELA
De acordo com a Dra. Melissa, outras doenças infecciosas também podem reaparecer pelo aumento da temperatura, desde que haja o descontrole do mosquito como Aedes aegypti para a dengue ou a exposição em áreas de risco para febre amarela. “Como no outono e inverno andamos mais protegidos – com roupas de manga longa e calça – e evitamos atividades ao ar livre, em parques, por exemplo, os casos das doenças transmitidas por mosquitos tendem a diminuir e as pessoas deixam de se preocupar. Mas, infelizmente, elas continuam sendo uma ameaça no Brasil”, explica a especialista.
Por isso, quem ainda não tomou a vacina contra a febre amarela deve procurar um serviço público ou particular para a vacinação. A febre amarela é grave e tem uma alta taxa de mortalidade. Não há um tratamento específico para a enfermidade, apenas para os sintomas. Para quem não tem contraindicação da vacina, ela pode ser feita a partir dos 9 meses sem limite de idade para quem vive ou se deslocará para área de risco. Para quem tem, a dica é usar roupa comprida, quando em área de risco, e repelente.
DENGUE
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a vacinação é recomendada apenas para as pessoas que já tiveram qualquer infecção por um dos 4 tipos de vírus da dengue no passado. “Para saber se teve a doença é importante fazer um exame de sangue que poderá informar alguma infecção prévia, pois 50% da população pode ter apresentado dengue assintomática e somente o teste consegue revelar isso”, afirma a médica do Pardini.
A imunização completa é feita em 3 doses e é oferecida somente no sistema privado. Tem uma eficácia comprovada de 66% para a dengue clássica e de 93% contra a forma mais grave da doença, a hemorrágica. Outro benefício é a redução da hospitalização em 81% por dengue. Para quem não pode se vacinar, a recomendação também é usar repelentes específicos e barreiras físicas, como roupas claras e compridas.
Os sintomas da dengue são febre, fraqueza, dor no corpo e ao redor dos olhos, na cabeça, nas articulações, náuseas e vômitos e manchas avermelhadas na pele. Ou seja, podem ser facilmente confundidos com os de outras enfermidades, como a chikungunya e a zika, transmitidas pelo mesmo mosquito, mas que ainda não possuem vacinas.
A Dra. Melissa alerta, no entanto, que mesmo que algumas doenças sejam sazonais, é importante estar atento aos surtos e manter a carteira de vacinação atualizada. “Não é porque estamos na primavera, em que outros vírus começam a circular, que devemos negligenciar doenças importantes como o sarampo e a poliomielite, por exemplo”, conclui.