Um Sonho Libertador
Quem poderia acreditar, depois de tanto tempo, poder viver assim gozando da mais pura liberdade? Pois nem sempre a vida nos brinda assim logo de cara com ela. Muitas vezes, e na maioria delas, é necessário conquistá-la.
E olha que a liberdade pode ter muitos nomes. Alguns a chamam de felicidade, outros de amor, ainda outros de riqueza.
Há quem acredite que liberdade é poder viver os sonhos, realizá-los um a um. Eu costumo apenas entender como Escolha. O Poder de Escolha de cada ser humano.
Mas e quando não se vê escolha? E quando todas as portas estão fechadas? Todas as idéias somem, as possibilidades se reduzem, os amigos viram-se ou, pior nem existem? Quando tudo e todos parecem alheios à nossa existência? Como se não nos restasse nenhuma chance de sobreviver, de existir, de sonhar, de acreditar, de ser feliz.
E quando você olha em volta, e só vê dor, tristeza, solidão; quando você se sente a pessoa mais sozinha do mundo? Perdida, entre tantas pessoas e coisas, sem lugar num mundo tão gigante e assustador.
E quando aquela voz insiste em te gritar: “Você não é importante!”. E quando por mais que você tente, você só consegue se ver num minúsculo quartinho escuro, quase sem luz, trancada, sem poder sair?
Você está cansada de gritar por socorro, você está cansada de bater à porta e tentar abri-la, pois ninguém te ouve, ninguém pode te ajudar. Você então se convence de que não é nada,começa a acreditar que não existe,o que sua dor te impede, até que você desiste….
Sim, você desiste. Você não sente mais dor, não sente mais nada. Apenas desiste de lutar contra o quarto escuro, contra a porta, contra a prisão, contra a sua inutilidade.
Por um longo tempo você fica assim, sem sentir. Sabe que continua vivo porque respira. Sem pensar e sem sentir, você consegue dormir. E então, você consegue de novo, sonhar.
Os sonhos são livres porque você já não se lembra quem é, nem o que foi. E em algum lugar distante, bem distante, você vive! É de novo, livre! Nesse lugar há luz, há paz, há ar. Nesse lugar há cor, há terra, há água. Há também sons e perfumes. Nesse lugar você é exatamente o que quer ser e a sua existência é suficiente para fazer dele um lugar ainda mais belo, e ainda mais feliz.
Existem outras pessoas aí e você sente que faz a diferença, que é importante. As pessoas te dizem que só você pode fazê-las feliz de uma maneira que só você pode fazer. E assim é com todos. Cada um dá o seu melhor para completar a felicidade de todos os outros, pois todos os outros completam a sua própria.
Então você sabe que da mesma maneira que você é essencial aos outros, os outros o são para você. E você se sente bem por isso. Incrivelmente bem! Você agora sabe que embora separado, não está só. Sabe que só pode existir e tem sentido a sua existência porque faz parte de um Todo muito maior.
Você acorda. A porta está aberta. O sonho te libertou.
Lentamente se levanta, caminha até a porta e a ultrapassa. Vê um longo caminho a sua frente, e começando a andar ainda sem entender, você se pergunta o que foi que aconteceu. Foi aquilo realmente um sonho? Ou o viveu na verdade? Não importa. Mesmo sem entender você caminha levando consigo aquela sensação de leveza e alegria como se ainda estivesse naquele lugar.
Então é isso o que o sonho faz? Ele liberta?
Não. Não é o sonho que te liberta, mas a sua própria liberdade. No momento em que deixa as coisas existirem como são, é que a liberdade o leva a sonhar. Não é um sonho qualquer. É uma experiência real e esplêndida, pois o lugar além de belo é repleto de amor. Nenhum homem preso pode sonhar assim. Somente uma alma livre pode se libertar. A liberdade é leve e fluida e qualquer coisa que a torne pesada pode sufocá-la. Por isso, a dor mata a liberdade. O desejo enorme a sufoca. O desamor a impede de existir.
Sah Elizabeth