Psicologia A importância do “tempo” em uma relação Por Lingia Menezes de Araújo Publicado em 14 de agosto de 2015 11 min de leitura 1 0 …Fiquei um tempo sem querer falar da vida Tipo uma fuga, uma fuga mal resolvida Mas nada se resolveu Até não assumir Saber o que quer e o que veio fazer aqui Não quis me afastar Mas essa distância me fez querer voltar… Nx Zero /Vamos Seguir Tempo, palavra pequena, mas de uma significância ímpar. Algumas pessoas entendem a importância deste em uma relação, outras nem tanto. Só de pensar na possibilidade do tempo se entristecem, choram e se veem literalmente perdidas. E é esse estar “perdido” que por vezes nos mostra o quanto nos “apegamos” ao outro, as coisas e as pessoas a nossa volta e assim, esquecemo-nos de ser e fazer tudo aquilo que intrinsecamente nos tornam únicos. Relacionar-se com alguém deveria ser uma oportunidade de crescimento, de mergulhar em outra história, conhecer outra vida, outro jeito, outro olhar, outra alma. Penso que a comunicação seja a parte mais importante em uma relação, seja ela amorosa ou não. Muitos casais se desentendem justamente por não conversarem um com o outro, de certa forma eles tendem a acumular ideias, falhas, medos e inseguranças dentro de si mesmos e com isso vão se “enchendo” com todos esses sentimentos e sensações que não encontraram saída ao longo do relacionamento. Carl Rogers (1902-1987), psicólogo norte americano grande teórico da Psicologia Humanista afirmava que em qualquer relação continuada, todo sentimento persistente deveria ser expresso e que a sua repressão só poderia estragar o relacionamento. Assim, toda essa “acumulação não elaborada” vai envenenando a pessoa que o guarda e momentos que poderiam ser vivenciados de uma forma mais plena e harmoniosa vão se tornando um fardo cada vez mais pesado, até que a pessoa que o “carrega” decide dar um basta e acabar com a relação, achando que esta é a “causa” de seu cansaço, desânimo e mal estar. Esse estado do término de uma relação por vezes é o melhor caminho para o casal, é o famoso “dar um tempo” que muitas pessoas rejeitam e logo de cara querem por um fim, um ultimato uma conclusão. Talvez ajam assim por se sentirem melhor com a certeza do outro, para não terem que se encontrar com a incerteza e a insegurança que lhe são próprias. Muitas dessas pessoas só conseguem ver o lado contrário, se veem ameaçadas, rejeitadas e pouco valorizadas pelo outro. Vivências assim resgatam sensações de desamparo e abandono que de uma forma ou de outra trazem a tona a forma pela qual lidamos com nossas frustações. Mas e quando o “dar um tempo” é visto de uma forma diferente, positiva e producente? O tempo visto como aliado nos ensina, acrescenta e nos compõem de uma forma maravilhosa, pois o enxergando como um aliado a pessoa tende a valorizar ela mesma, passa a se conhecer melhor e determinar o que a deixa feliz, alegre e animada com a vida. E acredite, muitas das vezes é a pessoa com quem se relacionava que volta diferente e a relação fica agradável e produtiva para ambos. A aprendizagem nesse “dar um tempo” pode ensinar ao casal diversas coisas, como a importância do respeito ao outro e sua forma peculiar de ver e ser no mundo, a aceitação plena das diferenças, a liberdade de ambos para serem e gostarem de coisas que lhe são próprias, a importância de falar o que pensa e sente e também de escutar o outro com atenção e empatia e acima de tudo, o respeito à autonomia de cada um. É tamanha a importância de aprender primeiro a estar só, para depois estar com o outro, pois assim a presença deste em sua vida não vira uma necessidade, pelo contrário o estar junto se torna leve e a vontade de viver momentos a dois é compartilhada e desejada por ambos. Para que uma relação possa dar certo ela precisa ser trabalhada, construída e reconstruída e constantemente revigorada pelo crescimento dos dois cônjuges. E é exatamente nesse construir e reconstruir que encontramos o famoso e rejeitado “dar um tempo”. Às vezes é nessa “pausa” que se encontra o sentido da relação, é onde se aprende a viver verdadeiramente a dois e não por dois. …Foi bom poder sentir saudade Foi bom voltar a ter vontade Foi bom pra ver se era de verdade Desaprender pra voltar a ser como antes Então vamos viver, porque tá tudo bem Assunto resolvido, isso é passado, amém Vamos seguir em frente… Nx Zero /Vamos Seguir Lingia Menezes de Araújo Psicóloga Clínica Facebook Tel.: (31) 3150 -9950 / 9576-9032 / 8671-1127 Contagem/MG OBS: Todo o conteúdo desta e de outras publicações tem função informativa e não terapêutica. Referência Bibliográfica ROGERS, Carl R. Novas Formas do amor: o casamento e suas alternativas. 8º.ed. Rio de Janeiro. José Olympio, 1991. Trilha Sonora: https://www.youtube.com/watch?v=mFy_hb1A5d8 Compartilhar114TwittarPin114 Compart.