Musicoterapia Para Estressados
Em minha prática como Musicoterapeuta, tive o privilégio de delimitar parte de meus atendimentos a dois grupos específicos, e que sempre me geraram grande interesse: Vestibulandos e Empresários.
Não sei se você já tinha notado isso, mas veja quantas coisas esses dois grupos podem ter em comum: objetivos audaciosos, pouco tempo para alcançá-los (aliado a uma sensação de estar sempre atrasado), grandes responsabilidades, expectativa das pessoas ao redor (investidores), cobrança intensa, vida social escassa, dificuldades para dormir, rotina e alimentação desreguladas, e basicamente uma grande e contínua enxurrada de problemas (dentre outros).
É fácil de adivinhar que o resultado dessa equação é o estresse!
Eu tive a oportunidade de pesquisar sobre o quanto a Musicoterapia poderia ser efetiva para ajudar a conquistar uma vida melhor nesses casos. E melhor ainda, logo em seguida tive a honra de colocar tudo isso a teste prático. E finalmente, tenho agora o prazer de dividir com vocês algumas coisas que aprendi, e especialmente me expressar sobre verdadeiras transformações que testemunhei no Setting* Musicoterapêutico.
Algumas das mudanças mais impressionantes eram mais no sentido de mudança de perspectiva.
Na literatura clínica, o termo técnico é Reestruturação Cognitiva. Um empresário de trinta e cinco anos, por exemplo**, afirmava estar cansado de esperar pela hora em que não haveria mais estresse.
Utilizei técnicas de “Comunicação Através de Canção”, ou seja, pedi que ele trouxesse músicas que comunicassem algo relevante sobre sua forma de lidar com o estresse.
O que ele pôde descobrir foi que, como é comum em nossa cultura, pensar em estar “sem fazer nada” o enchia com uma culpa tão intensa que ele fazia tudo que era possível para evitar isso.
Logo após conscientizar-se disso, iniciamos o processo para que ele pudesse aceitar o descanso, e os efeitos em sua Qualidade de Vida e relacionamentos familiares foram drásticos – como se pode imaginar. Vale comentar também que ele notou junto ao descanso controlado uma melhora em sua performance profissional, no que ele intitulava “doce paradoxo”.
Uma adolescente me procurou já sabendo qual era sua grande causa de estresse: não conseguia se expressar sobre nada emocionalmente relevante.
Era perspicaz, elaborava muito bem seus pensamentos, mas estava tendo prejuízos em seu relacionamento, porque sempre que ela ou seus sentimentos eram o tema da conversa, simplesmente não conseguia se comunicar como gostaria.
E essa defasagem entre a capacidade de expressão intelectual e emocional a incomodava profundamente.
Através de técnicas de “Imagem Musical Guiada” pudemos descobrir momentos cruciais em seu desenvolvimento, onde aprendera que não tinha o direito de falar sobre os seus sentimentos.
Ao descobrir a origem do problema, passou a saber como poderia enfrentar essa dificuldade de expressão, e testar novas forma de se comunicar.
A frase que mais ouço durante a semana é “não sei porque essa música veio a minha mente agora, mas é esta”. Certa vez, a música que foi elegida nessa situação era instrumental, não havia letra para analisar, e a pessoa nem se lembrava de onde conhecia tal música.
Para explorá-la, utilizei então a técnica de “Projeção de Desenhos Através da Música”, que é autoexplicativa. Logo que completou o desenho, o cliente recordou-se que a música compunha a Trilha Sonora de um filme. Um filme que havia sido uma importante referência na infância, e trazia justamente o valor que a pessoa vinha buscar em terapia: coragem.
Talvez seja até desnecessário dizer, mas cada mudança dessas acaba por gerar mudanças nos mais diversos aspectos. Pude testemunhar retorno aos esportes, melhora em relacionamentos, diminuição de problema com funcionários, mudança na comunicação com os pais, mudança na comunicação com os filhos, resolução de conflitos de longa data…
Nós sabemos que o estresse, como resposta não específica a qualquer demanda, é apenas um fato, está presente, e é inevitável.
Cabe a cada ser humano desenvolver e descobrir sua forma mais adequada de lidar com ele, dando-lhe sentido. Portanto, se enquanto lia você se lembrou de alguém que teria ganhos através de um processo desse tipo, sugiro fortemente que o recomende a um Musicoterapeuta qualificado.
Artigo de Robson Vecchi
*Setting – Sala de Atendimento Terapêutico.
**Todos esses relatos tiveram detalhes modificados para manter o anonimato dos clientes, de forma que não alterasse o sentido didático que tal relato propunha.
Sobre o autor
Robson Vecchi é Musicoterapeuta Graduado pela FMU e especializando em Musicoterapia Preventiva e Social.
Atua em Clínica particular em São Paulo/SP e é Consultor na Laverna Consultoria Empresarial.
Contato: (11) 9 8014-3889
Site: robsonvecchi.com