Como enfrentar a fadiga cerebral, o mal do século XXI
Até que ponto a fadiga cerebral afeta nossa capacidade de trabalho e julgamento? Um trabalho realizado na Universidade de Singapura estudou voluntários com idades variando entre 19 e 25 anos provocando estafa e observando seus efeitos.
Os voluntários foram privados de sono por 25 horas, e depois foi solicitado que realizassem tarefas repetitivas relativamente simples.
Durante o experimento o cérebro dos participantes foi analisado com equipamento de ressonância magnética funcional.
O resultado mostrou que várias regiões do cérebro ficaram com atividade reduzida, gerando sensação de sonolência e lentidão do pensamento.
Em outras palavras, a fadiga cerebral é um fenômeno biológico, que não depende nem da força de vontade, nem de recursos emocionais ou psicológicos das pessoas afetadas.
Claro que o ideal é estarmos totalmente descansados, após uma ótima noite de sono, para enfrentar os desafios da vida, o que nem sempre é possível.
O que pode então ser feito para ao menos reduzir o problema? Uma estratégia possível é a dos carros de corrida, que fazem intervalos planejados, o ‘pit stop’.
A interrupção inteligente programada não é um tempo perdido, na verdade permite ao cérebro se recuperar e atuar com mais eficiência.
Esse ‘pit stop’ do cérebro deve ser realizado a cada 90 minutos, aproximadamente.
Esse é o tempo que profissionais de alto nível, como campeões de xadrez, atletas ou músicos profissionais, utilizam para se concentrar e absorver-se no trabalho.
Eles planejam blocos de 90 minutos de trabalho intenso, intercalando com alguns minutos, digamos algo em torno de 15 minutos, de intervalo programado.
Nesse intervalo, o ideal é respirar algumas vezes lenta e pausadamente, esticar as pernas, tomar água, movimentar os ombros, esticar os músculos das costas.
Outra estratégia inteligente é agrupar as tarefas do dia em blocos de categorias semelhantes, por exemplo um bloco para redigir relatórios, outro para responder e-mails, realizar telefonemas, e assim por diante.
Essa estratégia evita que o cérebro tenha que ficar utilizando áreas cerebrais diferentes de modo intercalado.
Há claras evidências de que realizar muitas tarefas ao mesmo tempo facilita a fadiga mental.
Na verdade, o cérebro só consegue realizar uma tarefa por vez e fica saltitando de uma atividade a outra, mesmo que tenhamos a impressão de que estamos fazendo várias coisas ao mesmo tempo.
A nutrição do cérebro também é fundamental. Embora ele pese 2% da massa total de um ser humano, consome 20 % de todas as reservas de energia.
As complexas reações químicas que geram seu funcionamento dependem de substâncias específicas, como minerais, ácidos graxos, vitaminas e aminoácidos que não podem faltar numa dieta saudável.
Compensa ingerir fartas quantidades de frutas e vegetais frescos, assim como equilibrar o consumo dos vários tipos de proteínas e carboidratos.
A alimentação equilibrada deveria propiciar todos os nutrientes necessários, suplementos alimentares são utilizados em situações pontuais, específicas, e jamais substituem uma boa refeição.
Por fim, importa lembrar que a cafeína, comumente utilizada contra a fadiga, na verdade é um excitante, que apenas provoca um pulso nas células nervosas, devendo ser utilizado de modo isolado, nunca como rotina.
Cyro Masci é médico psiquiatra e clínico geral, atua com abordagem integrativa na promoção da saúde e prevenção de doenças. Site: www.masci.com.br