Wellness washing: o que é e como piora a saúde mental de todo mundo

No auge da crise de saúde mental e da “cultura da exaustão”, cresce um fenômeno silencioso e cada vez mais presente nas empresas, nas redes sociais e até nas campanhas publicitárias: o wellness washing.

Inspirado no termo greenwashing, usado para descrever ações de sustentabilidade apenas de fachada, o wellness washing ocorre quando marcas e organizações adotam o discurso do bem-estar e do equilíbrio emocional, mas continuam promovendo práticas e contextos que geram sobrecarga, ansiedade e esgotamento.

Na prática, o wellness washing se manifesta em iniciativas que parecem cuidar das pessoas, mas não transformam as causas reais do adoecimento. Alguns exemplos comuns incluem:

  • Empresas que promovem “semanas da saúde mental”, enquanto mantêm metas inatingíveis e jornadas exaustivas;
  • Campanhas que falam sobre autocuidado, mas estimulam o consumo incessante de produtos “para relaxar”;
  • Influenciadores e marcas de lifestyle que vendem uma imagem de equilíbrio e plenitude, editada e inalcançável, gerando ainda mais comparação e frustração;
  • Organizações que oferecem meditação no expediente, mas ignoram políticas de gestão tóxicas e ambientes de pressão contínua.

Segundo o psicólogo Lucas Freire, o wellness washing transforma o bem-estar em mais um produto, um ideal performático e monetizado, que acaba reforçando a mesma lógica de produtividade e aparência que causa o esgotamento que tenta combater.

Conforme o especialista, o maior risco é banalizar o sofrimento e transformar o cuidado em estética.

“O bem-estar virou um imperativo moral, uma nova forma de cobrança. As pessoas se sentem culpadas por não estarem relaxadas o suficiente. Quando o cuidado é reduzido a discurso, ele perde a potência transformadora e se torna mais um fator de exaustão”, afirma Freire.

Por que estamos tão cansados? Psicólogo denuncia a cultura da exaustão em novo livro

Especialista em saúde mental, Lucas Freire expõe os perigos da produtividade 24/7, mostra como identificar as prisões neurológicas e apresenta o poder transformador da ludicidade

Com mais de 470 mil brasileiros afastados do trabalho por transtornos mentais somente em 2024, a busca por alternativas que promovam leveza e significado se tornou urgente. É nesse contexto no qual a exaustão deixou de ser exceção e se tornou a regra que o psicólogo Lucas Freire, referência nacional na ciência do Playfulness, publica Exaustos: Imaginando saídas para o cansaço diário, lançamento da Buzz Editora.

Logo nas primeiras páginas, Freire dá nome a um mal compartilhado socialmente: a exaustão crônica. Segundo o especialista que soma mais de 20 anos de experiência na área de saúde mental, as pessoas estão inseridas em uma sociedade acelerada. “A lentidão é confundida com ineficiência, o tempo tornou-se fardo e a multitarefa, falsamente celebrada como virtude, se mostra uma ilusão perigosa, que compromete o bem-estar”, declara.

Com olhar clínico e crítico, o autor revela que a exaustão atinge hoje uma camada neurológica. Ao nomear essa condição de “neuroprisão”, Freire explica que a mente humana é alvejada por estímulos incessantes, inclusive pelo neuromarketing, ciência projetada para manipular desejos no inconsciente. Nessa circunstância, o tempo livre se transforma em mercadoria e o Playfulness, ou “espírito lúdico”, representado pelos momentos de curiosidade e espontaneidade, acaba sendo ignorado.

Ele aponta a dependência digital, o vício em “scrolling”, o medo de perder algo (FOMO, na sigla em inglês), a dopagem química em busca de performance, o consumo para produzir conteúdo e a cultura da imagem como exemplos dos cativeiros neurológicos amplamente inseridos na rotina de crianças, jovens e adultos.

Mais do que diagnosticar uma coletividade exausta, Lucas Freire indica caminhos que servem como antídoto para a situação. Inspirado em pesquisas de neurociência e no amplo trabalho na área, o autor detalha a importância de resgatar o Playfulness como uma habilidade para enfrentar desafios com leveza e resiliência. Conforme defende o psicólogo, o “Play” ativa mais circuitos cerebrais que qualquer outro comportamento, promove neuroplasticidade e estimula a imaginação.

Entendido não somente como brincar, o Playfulness representa o estado de engajamento livre, criativo e prazeroso. Para favorecer a aplicação do conceito no dia a dia, Freire descreve os tipos de personalidades lúdicas, apresenta um framework com 12 dimensões universais do “play humano” e propõe os sete princípios do conceito. Com exercícios práticos, como a Auditoria de 24 horas, o Detox de Notificação, o Autodiagnóstico de Neuroprisões e um Plano de Ação Playfulness de 90 dias, o autor oferece ferramentas para transformar reflexão em resultados.

Exaustos é mais do que um diagnóstico social, é um manifesto pela leveza. Uma leitura essencial para todos que se sentem cansados de correr, produzir, performar e tentar acompanhar a avalanche diária de informações. A obra oferece um caminho revolucionário para reencontrar vitalidade, liberdade e sentido, mostrando a imaginação lúdica como uma poderosa ferramenta de cura.

Ficha técnica

Título: Exaustos: Imaginando saídas para o cansaço diário
Autoria: Lucas Freire
Editora: Buzz Editora
ISBN (impresso): 978-65-5393-503-7
ISBN (e-book): 978-65-5393-504-4
Páginas: 208
Preços: 69,90 (impresso) e 49,90 (e-book)
Onde encontrar: Amazon

Sobre o autor

Lucas Freire é psicólogo, professor, empreendedor, escritor e palestrante. Especialista na criação de treinamentos e programas com experiências voltados para o desenvolvimento comportamental, criatividade, resiliência e liderança. Em 20 anos de carreira, realizou mais de 2 mil eventos, impactando mais de 100 mil pessoas. Pioneiro e referência no Brasil na Ciência do Playfulness, estuda a atitude mental de curiosidade, abertura e engajamento criativo com o mundo ao redor. É autor dos livros “Playfulness: Trilhas para uma vida resiliente e criativa”, “O Leão da Bochecha de Balão e a redescoberta do Play” e do lançamento “Exaustos: Imaginando saídas para o cansaço diário”.

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