Obesidade afeta a saúde do fígado em crianças a partir dos 8 anos de idade
Um novo estudo descobriu que o ganho de peso pode colocar crianças em risco de uma doença hepática grave
Um novo estudo, publicado no Journal of Pediatrics, é o primeiro a mostrar que o ganho de peso pode ter um impacto negativo na saúde do fígado em crianças, a partir dos 8 anos de idade. O estudo descobriu que a circunferência da cintura maior, aos 3 anos, aumenta a probabilidade de que, aos 8 anos, as crianças tenham marcadores para doença hepática gordurosa não alcoólica.
“Com o aumento da obesidade infantil, estamos vendo mais crianças com doença hepática gordurosa não alcoólica em nossa prática de controle de peso pediátrico. Muitos pais sabem que a obesidade pode levar ao diabetes tipo 2 e outras condições metabólicas, mas há muito menos consciência de que mesmo em crianças pequenas, ela pode levar à doença hepática grave”, explica o pediatra e homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).
A doença hepática gordurosa não alcoólica ocorre quando muita gordura se acumula no fígado e provoca inflamação, causando danos. A condição afeta cerca de 80 milhões de pessoas nos EUA e é a patologia hepática crônica mais comum em crianças e adolescentes.
“A doença geralmente não apresenta sintomas. A progressão da doença hepática gordurosa não alcoólica pode levar à cirrose do fígado e, em alguns casos, ao câncer de fígado”, diz Chencinski.
Estudos anteriores se concentraram na doença do fígado gorduroso em adolescentes e em adultos jovens. No presente estudo, os pesquisadores procuraram por fatores de risco para o fígado gorduroso em crianças menores.
Foram medidos os níveis sanguíneos de uma enzima hepática chamada Alanina transaminase (ALT). A ALT elevada é um marcador de dano hepático e pode ocorrer em indivíduos com doença hepática gordurosa não alcoólica e outras condições que afetam o fígado.
Aos 8 anos, 23% das crianças do estudo tinham níveis elevados de ALT. Crianças com uma circunferência de cintura maior (uma medida da obesidade abdominal) aos 3 anos, e aquelas com maiores ganhos nas medidas de obesidade, entre as idades de 3 e 8 anos, foram mais propensas a ter níveis elevados de ALT.
Aproximadamente 35% das crianças de 8 anos com obesidade apresentaram níveis elevados de ALT versus 20% daquelas com peso normal.
“Alguns médicos medem os níveis de ALT em crianças em risco a partir dos 10 anos de idade, mas as descobertas ressaltam a importância de agir mais cedo para evitar o ganho excessivo de peso e subsequente inflamação do fígado”, defende o pediatra.
Atualmente, a melhor maneira de crianças e adultos combaterem a doença do fígado gorduroso é não engordar acima dos limites esperados, perder peso, se isso acontecer, comer menos alimentos processados e fazer exercícios regularmente.
“Precisamos urgentemente de melhores maneiras de rastrear, diagnosticar, prevenir e tratar essa doença desde a infância”, destaca Chencinski.
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