Adoce a vida, mas com moderação
O sobrepeso e a obesidade estão crescendo de forma alarmante em todo o mundo. Estima-se que cerca de 1,4 bilhão de adultos estão com sobrepeso (IMC ≥ 25 kg / m²) e destes, mais de 500 milhões estão obesos (IMC ≥ 30kg / m²). Reduzir a ingestão de itens mais calóricos da dieta é uma necessidade global: segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), se as tendências atuais continuarem, a projeção é que, até 2025, cerca de 75 milhões de crianças no mundo atinjam sobrepeso e obesidade (hoje, já são mais de 40 milhões).
Estar acima do peso ideal aumenta o risco de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, distúrbios como a osteoartrite e alguns tipos de câncer. Mas, quando decidimos que é hora de perder – ou simplesmente manter – o peso, quase sempre a primeira atitude é tirar o açúcar da dieta. Algo que pode ser até contraproducente em muitos casos.
Segundo Prof. Mauro Fisberg, pediatra nutrólogo e coordenador do Centro de Dificuldades Alimentares do Instituto Pensi – Hospital Infantil Sabará, cortar totalmente o açúcar, sem orientação profissional, pode aumentar a necessidade do corpo por alimentos ricos em carboidratos e lipídios. “A preferência pelo paladar doce é uma memória biológica do ser humano, que tem sua primeira fonte de energia segura vinda do leite materno, com seu sabor adocicado”. E acrescenta: “existem evidências de que essa necessidade se reduz com o passar dos anos. Mas, de qualquer forma, o consumo deve ser moderado e equilibrado entre os vários tipos de açúcares desde a infância, para evitar os riscos que vêm com o sobrepeso. Devemos lembrar que o açúcar de adição deve ser bastante reduzido e que muitos alimentos já contêm mesclas de diferentes carboidratos e gorduras, como ocorre nos doces”, explica.
O uso de adoçantes é uma opção aceitável para ajudar a reduzir o consumo de energia. Mas ainda persiste, entre muitas pessoas, a preocupação com a segurança no consumo desses produtos. “Adoçantes são seguros e regulamentados rigidamente. As doses que podem causar qualquer tipo de sintoma estão muito acima do uso comum por um adulto em sua vida. O segredo, tanto para o consumo de açúcar comum quanto de adoçantes é o equilíbrio, as trocas de diferentes tipos e a moderação. A OMS recomenda que a quantidade de açúcar livre não deve passar de 10% do consumo diário de energia de uma dieta de até duas mil calorias”, diz o médico.
De acordo com o Dr. Mauro, estas orientações não se aplicam aos açúcares em frutas e vegetais frescos e aqueles naturalmente presentes no leite, mas sim aos adicionados em alimentos e bebidas. “A grande preocupação hoje é que a quantidade de açúcar ingerido está atrelada ao ganho de peso em adultos e crianças. Assim, o mais indicado é que haja o equilíbrio entre o consumo de bebidas e alimentos naturais e industrializados. E, no caso destes últimos, que se dê preferência aos que possuem menor teor de açúcares e adição de vitaminas e minerais, sucos naturais, bebidas e sucos com soja ou bebidas lácteas”. No caso dos açúcares, o médico recomenda o uso sempre moderado, e se possível, evitar o uso de açúcar de mesa em frutas, sobremesas ou outras preparações já doces por natureza.
Mais sabor. Menos açúcar
Levando em consideração o cenário atual de excesso de peso e doenças crônicas, nos últimos anos, os grandes produtores do mercado de bebidas não-alcóolicas e alimentos vêm investindo e desenvolvendo alternativas para a redução da quantidade de açúcares em seus produtos, com fórmulas mais balanceadas e nutritivas, mas sem comprometer o sabor.
“Esse é um passo importante para ajudar a melhorar a saúde e o bem-estar das pessoas. Produtos com baixos níveis de açúcares têm se tornado mais comuns nas prateleiras e podem ajudar a frear o crescimento da taxa de excesso de peso, especialmente entre as crianças”, comenta o Dr. Mauro.
De qualquer forma, seja consumindo açúcar ou adoçantes, o segredo é a moderação atrelada à variedade no cardápio, associada a um estilo de vida equilibrado com a prática de atividades físicas. “Nada em exagero faz bem. Sempre que tiver dúvidas sobre a quantidade ideal de consumo para você ou para sua família, consulte um especialista. Essa é sempre a melhor maneira de tirar dúvidas e ter segurança sobre o que é mais indicado para cada pessoa”, finaliza.