Ousando Ser Feliz – Parte 4 (final)
… parece crescer uma nova visão do mundo, a relação, um renovado amor pela natureza e por cada pessoa, uma compreensão da unidade espiritual do universo. – C. Rogers
CONCLUSÃO
O espaço social é também o espaço da união dos indivíduos. A fala autêntica só será proferida por cidadãos livres, que tenham garantidas, neste espaço, suas falas individuais – expressão verdadeira das suas idéias, dos seus sonhos, do seu pensar discordante e dos seus sentimentos.
A sociedade não tem contribuído muito para a realização do potencial humano. Assim sendo, as oportunidades de crescimento pessoal e social têm que ser conquistadas. A construção de si mesmo e de uma sociedade mais justa, humana e facilitadora do crescimento de seus cidadãos, requer coragem. Somente assim o mundo poderá vir a ser como no sonho idealista de Rogers:
Este mundo será mais humano e humanitário. Explorará e desenvolverá as riquezas e capacidades da mente e do espírito humanos. Produzirá indivíduos que serão mais integrados e plenos. Será um mundo que valorizará a pessoa individual, o maior de nossos recursos. Será um mundo mais natural, com um renovado amor e respeito pela natureza, desenvolvendo uma ciência mais complexa e humana, baseada em conceitos novos e menos rígidos. Sua tecnologia objetivará o engrandecimento das pessoas, ao invés da exploração delas e da natureza.
Liberará a criatividade, à medida que os indivíduos sentirem o seu poder, suas capacidades, sua liberdade.
Os fortes ventos da mudança científica, social e cultural estão soprando fortemente. As enormes perturbações da sociedade moderna forçarão uma transformação para uma ordem nova e mais coerente. E nessa ordem parece crescer uma nova visão do mundo, a relação, um renovado amor pela natureza e por cada pessoa, uma compreensão da unidade espiritual do universo. Deve ser um mundo mais humano, com mais lugar para indivíduos que são integrados e totais. Esta é, pelo menos, minha entusiasmada esperança.
Mas, não devemos nos esquecer que os sonhos só serão transformados em realidades com ousadia. E que ousar significa correr riscos, significa estar entre duas possibilidades: a do sucesso e a do insucesso. Como bem ilustra Perls, com a sua experiência de vida:
Um dos momentos mais importantes da minha vida foi depois de ter escapado da Alemanha, quando havia um lugar disponível para um analista de treinamento na África do Sul, e Ernest Jones queria saber quem queria ir. Éramos quatro: três queriam garantias. Eu disse que correria o risco. Todos os outros três foram apanhados pelos nazistas. Eu corri o risco e ainda estou vivo.
Correr riscos não nos dá garantias, mas é a única forma de nos sentirmos vivos, livres e talvez felizes.
Sônia Maria Lima de Gusmão, Psicóloga
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