A preguiça é a fórmula irresponsável da renúncia
Quando observamos a sociedade atual tentamos estabelecer padrões, compreender a que a enriquece e a que a fere. Para o filósofo, psicanalista e especialista em estudos da mente humana Fabiano de Abreu, a preguiça é um dos calcanhares de Aquiles dos nossos tempos.
“Um dos males da atualidade é a ansiedade e o outro a preguiça. Por mais que pareçam opostas, essas reações naturais estão interligadas já que, ansiedade excessiva pode levar a preguiça mas também pode tirar dela.”, começa por explicar Abreu.
Sabendo esta correlação entre a ansiedade e a preguiça, Fabiano de Abreu explana a sua visão.
“A ansiedade leva à preguiça quando em excesso nos limita a ação e reduz a libido. Mas ela nos tira da preguiça porque é uma reação que nos alerta para praticar a ação.
A procrastinação é um dos males da atualidade já que não só a ansiedade resulta nela mas também a cultura tecnológica que nos estagnou diante das telas. Evoluímos através de ações como nómadas para depois nos tornarmos sedentários, mas, este sedentarismo não é como o de hoje em dia que não precisamos nem caçar, nem criar animais e tão pouco plantar. Veículos para nos levar aonde quisermos, escadas rolantes, quase tudo em nosso alcance.”
É importante que a preguiça não nos suplante, não nos vença, não seja mais forte do que nós. Se ela nos suplanta pode ser abrir caminho a males maiores.
“Mas não deixe a preguiça vencer ou seremos seres de músculos atrofiados e ossos deformados nas futuras gerações. No presente, poderemos ter a tristeza por ter menos conquistas e deixar de ativar os nossos hormônios do prazer e do bem estar já que para conquistar tem que agir.
Excesso de tristeza causa depressão e para eliminar todas essas enfermidades mentais, veja as minhas dicas para vencer a preguiça.”, explica o psicanalista.
Reconhecendo que por vezes é necessário uma autodisciplina para fazer face às preguiça, Fabiano de Abreu deixa-nos um conjunto de dicas que considera importantes.
Primeiro passo – autoconhecimento, saber quais são as suas preguiças e entender como o prejudica. Se conscientizar que só há um culpado para a sua preguiça que é você mesmo. A preguiça não é uma doença, ela não é permanente, é determinada de acordo com tipo de ação e para qual ocasião. Seja responsável.
Segundo passo – organização, arrume o ambiente, defina o necessário para que poupe tempo e esforço. Por exemplo, se vai ao ginásio no dia seguinte de manhã, deixe as roupas prontas à noite inclusive o tênis com a meia próximos. Se vai fazer comida, organize para que alimentos e objetos não tenham um acesso difícil.
Terceiro passo – ordem de prioridade, resolva os mais difíceis primeiro e então, mesmo com a energia esgotada para os mais fáceis serem feitos depois, é fácil, o fará sem dificuldade.
Quarto passo – conte até três, utilize a contagem para impulsionar a ação de forma determinante e definitiva. Se tem que fazer algo e está com preguiça, conte 123 e vá, resolva já.
Quinto passo – esteja ativo, use a ansiedade para estar ativo fisicamente. Quando se está ativo, aciona mais ansiedade e resolve mais coisas. Usar a ansiedade a seu favor é uma grande arma para vencer a preguiça resolvendo diversas coisas até que o desgaste do dia o faça dormir bem a noite pelo cansaço.