Câncer de ovário: um inimigo silencioso!
O câncer de ovário ocupa a sétima posição dentre os cânceres malignos mais frequentes em mulheres e a terceira posição entre os cânceres ginecológicos no Brasil.
Trata-se de uma doença silenciosa com sintomas que aparecem em fases avançadas levando ao atraso do início do tratamento.
O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estimou 6150 novos casos em 2016 e é a quinta maior causa de morte por câncer entre as mulheres.
Essa elevada mortalidade está diretamente relacionada ao diagnóstico tardio.
“Atualmente 80% dos tumores são diagnosticados em fase avançada, reduzindo a sobrevida da paciente. Entender o comportamento e os fatores desencadeantes desse tipo de câncer é o primeiro passo”, aponta o oncologista clínico David Pinheiro Cunha do Grupo SOnHe – Sasse Oncologia e Hematologia de Campinas.
O câncer de ovário é o tumor ginecológico mais difícil de ser diagnosticado e, por esse motivo, é o que menos tem chance de cura,
“Na fase inicial, a grande maioria das pacientes são assintomáticas ou apresentam sintomas inespecíficos como dores abdominais, náuseas e alteração do hábito intestinal, não levando a paciente a procurar seu médico.
Quando os sintomas tornam-se intensos, podendo cursar com aumento do volume do abdômen pela formação de liquido (ascite) ou obstrução do intestino causando dificuldade para evacuar, a doença já está avançada e a chance de cura é menor”, explica o oncologista clínico.
O médico conta que o câncer de ovário pode ser dividido em três principais tipos:
- tumores epiteliais, que se iniciam nas células que recobrem a superfície externa no ovário, responsáveis por 95% dos casos;
- tumores de células germinativas, que originam os espermatozoides e os ovócitos, responsáveis por 2-3% dos casos e tumores estromais,
- constituídos a partir do cordão sexual da gônada, responsáveis por 5% dos casos.
“É importante saber que todas as mulheres podem ter câncer de ovário, mas as que apresentam maior risco são: as com histórico familiar de câncer de ovário ou mama, idade avançada (acima dos 60 anos), nunca ter ficado grávida, menarca precoce, menopausa tardia, endometriose, reposição hormonal na pós-menopausa e tabagismo.
As síndromes hereditárias também aumentam significativamente esse risco, predispondo a doença em idades mais jovens. As mutações de maior importância são BRCA 1, BRCA 2 e a síndrome de Lynch (alteração genética em genes do DNA)”, afirma.
Para o diagnóstico o médico necessita de uma avaliação clínica, exame físico e ginecológico, exames de sangue com marcador tumoral (Ca 125) e exames de imagem (ultrassom transvaginal, tomografia computadorizada e ressonância magnética).
“Quando o tumor está em fase inicial, os exames de imagem identificam uma lesão nodular ou uma massa restrita aos ovários. Na doença avançada pode ocorrer disseminação dos nódulos para o peritônio (camada que reveste o intestino), formação de liquido no abdômen e metástase para outros órgãos como fígado e pulmão.
Importante ressaltar que para o diagnóstico definitivo é necessário uma biópsia da tumoração apontada no exame de imagem”, explica o medico.
Tratamento
O tratamento depende do estágio da doença.
As opções principais são: cirurgia seguido de quimioterapia ou, quando o tumor apresenta-se mais avançado, iniciar quimioterapia e posterior avaliação cirúrgica.
“Infelizmente os métodos de rastreamento para câncer de ovário não se mostraram efetivos para a população geral como é o caso do Papanicolau no câncer de colo de útero.
A realização de exames de ultrassom transvaginal e marcador tumoral (Ca 125) apenas resultou em maior número de procedimentos e gastos para a saúde sem benefício significativo em reduzir a mortalidade, portanto, não sendo indicado de rotina”, aponta o especialista.
Fonte: David Pinheiro Cunha – médico oncologista formado pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, visiting fellow no serviço de oncologia e pesquisa clinica em Northwestern Medicine Developmental Therapeutics Institute, Chicago, Illinois, EUA, em 2015, oncologista do CQA da Unimed Campinas em 2016, oncologista contratado na PUC, onde desenvolve supervisão de residentes em Clínica Médica e Oncologia. É oncologista do Hospital Vera Cruz desde 2017 e do Instituto Radium de Campinas, do Hospital Santa Tereza e do Hospital Universitário Celso Pierro. É membro titular da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO).