Startup lança solução inovadora para o cuidado de pacientes com doença renal crônica (DRC)

Testes de validação clínica feitos no CIN (Centro Integrado de Nefrologia da Unicamp) comprovam impactos positivos do uso de ferramenta digital

Há um ano, a camareira Amanda Cristina Araújo de Sousa enfrenta uma rotina de desafios. Três vezes por semana se desloca até a Unicamp, onde passa quatro horas numa máquina que filtra todo seu sangue para retirar as impurezas.

Enquanto espera a máquina fazer o trabalho que seus rins já não fazem mais, Amanda pensa no tempo que ainda será necessário até encontrar um doador e nos seus dias repletos de limitação.

Ela precisa limitar, inclusive, o consumo de água e não pode comer algumas das coisas que mais gosta. Mesmo com todas as restrições, Amanda viu sua qualidade de vida melhorar significativamente depois que passou a usar o aplicativo Renal Me.

“Eu estou mais feliz, pois descobri que não existe uma coisa que eu não possa comer. Eu só preciso regular as quantidades para manter os meus índices e equilibrar os meus resultados. Essa mudança, além de qualidade de vida me trouxe sensação de liberdade de escolha”, conta a paciente, que tem Insuficiência Renal Crônica causada por hipertensão.



Amanda Cristina Araújo de Sousa

O aplicativo Renal Me está disponível gratuitamente para download no Google Play e na Apple Store e passou por testes de validação clínica no CIN (Centro de Nefrologia da Unicamp) com resultados animadores.

Todos os pacientes que fizeram uso do aplicativo durante o estudo relataram melhora na qualidade de vida e bem-estar geral, além de melhora significativa nos parâmetros laboratoriais, quando comparados com início e final do estudo e quando comparados com o grupo controle.

Uma das propostas é que o aplicativo seja utilizado por pacientes da rede pública e privada da saúde para melhora a qualidade de vida das pessoas e dar liberdade de escolhas alimentares. Os pacientes do SUS representam 70% da população brasileira.

“O objetivo principal do aplicativo é facilitar o acompanhamento do progresso do tratamento de forma eficiente. Além disso, ser uma fonte oficial de informações sobre a doença renal crônica, fatores de risco e medidas que podem ser adotadas para prevenir a evolução da doença. O aplicativo oferece liberdade para pacientes que enfrentam muitas restrições no seu cotidiano”, diz Dr. Ricardo Paiva, CEO da Kronics.

Amanda descreve sua vida antes do aplicativo como desorganizada, com ganho de peso significativo e muita indisposição antes de utilizar o recurso. “Eu consegui, além de regular a quantidade de calorias consumidas e reduzir a ansiedade, reduzir a ingestão de sódio e potássio, o que melhorou o controle da minha pressão arterial”.

Entender os alimentos

A paciente comenta que o aplicativo teve um impacto transformador em sua vida melhorando saúde e bem-estar. Ela passou a entender melhor os alimentos que consome e a relação deles com a sua doença. “Antes eu não tinha disposição para nada, sentia muita canseira, muita fraqueza.

Esta semana mesmo estou tranquila, fiz diálise, se fosse há um tempo meu olho estaria pequenininho, não estaria aguentando nem falar. Melhorou 100% minha vida”, comemora Amanda.

O aplicativo Renal Me foi lançado num evento que aconteceu nesta segunda-feira (04/12) e que reuniu importantes nomes da área da saúde, pacientes e imprensa para debater sobre a doença renal crônica (DRC).

O encontro, em Campinas, contou com a participação da doutora e professora Marilda Mazzali, nefrologista e coordenadora do Programa de Transplante Renal do HC da Unicamp; a médica Patrícia Schincariol, nefrologista do HC da Unicamp e Hospital Mário Gatti; e a mestre Iza Oliveira Hoff, nutricionista especializada em saúde da criança e do adolescente pela Unifesp e Unicamp.

O bate-papo foi transmitido ao vivo, proporcionando amplo acesso às informações discutidas.



Evento de lançamento do Renal Me

10 milhões de pacientes

No Brasil, segundo dados da SBN (sociedade brasileira de nefrologia), a estimativa é de que mais de dez milhões de pessoas tenham Doença Renal Crônica (DRC) e mais de 140 mil pacientes realizam diálise em decorrência da Doença Renal Crônica avançada.

Pensando nisso, o aplicativo Renal Me foi desenvolvido para trazer mais qualidade de vida e conforto para esses pacientes durante esse período desafiador. Com diversas funcionalidades, o aplicativo auxilia médicos, nutricionistas e outros profissionais da saúde no cuidado e prevenção desses pacientes.

A mestre Iza Oliveira Hoff, conta que o tratamento é um desafio diário e o Renal Me aponta uma saída para esses pacientes. “O nutricionista é visto como um carrasco, pois vinha com a proibição das coisas, mas com a facilidade dessa tecnologia, cada um com seu celular e o aplicativo instalado tem autonomia para manipular a sua dieta”, explica a profissional.

Tatiane Moreira de Souza Furioso, professora de natação, tem doença de base lúpus sistêmico eritematoso-nefrite lúpica. Ela também participou da pesquisa com o Renal Me quando, há um ano, teve uma descompensação renal como nunca tinha tido antes.

“Com o renal me eu tive uma melhora muito rápida em relação à gravidade. Em outras fases da atividade lúpica que tive, que inclusive foram mais tranquilas, eu demorei muito mais para me recuperar”, detalha a paciente.



Tatiane Moreira de Souza Furioso

Autonomia

Uma das principais funcionalidades do Renal Me é o monitoramento da alimentação, consumo de água e uso de medicamentos.

Com o aplicativo, os pacientes podem registrar suas refeições diárias, permitindo que os profissionais de saúde avaliem e controlem melhor a ingestão de nutrientes específicos, como proteínas, sódio, potássio e fósforo.

Essa funcionalidade é essencial para identificar possíveis excessos ou deficiências nutricionais que podem afetar negativamente a saúde renal.

Tatiane reforçou o fim do medo e da autonomia que o aplicativo trouxe para sua rotina. “Ele nos dá um norte. Não basta comer de forma saudável, temos que saber o que comer e suas quantidades.

Eu sempre comi muito bem, mas a informação que eu tinha é que a proteína era a grande vilã, sem saber que fósforo potássio também agridem os rins. Hoje eu posso comer tudo dosando todos os nutrientes, sem medo e com autonomia”, celebra a professora.

A doutora e professora Marilda Mazzali, nefrologista e coordenadora do Programa de Transplante Renal do HC da Unicamp, contou que a melhor parte dos resultados obtidos com o Renal Me é que tirar o paciente da passividade e incluí-lo no tratamento traz benefícios muito significativos.

“Eles vão em melhores condições para a diálise e consequentemente usam menos medicamentos. O paciente chega mais bem nutrido para o transplante o que já garante que um procedimento de mais qualidade. Além disso, os desafios no manejo pós-operatório passam a ser mais simples”, afirma.

Orientação personalizada

O Renal Me fornece orientações personalizadas com base nas necessidades individuais de cada paciente.

O aplicativo também oferece dicas de alimentos, ajudando os pacientes a preparar refeições saudáveis, com foco nas restrições de cada um. Orienta sobre ingestão de água e traz um guia abrangente para ajudar os doentes renais a reduzir o consumo de alimentos ricos em potássio.

Outra funcionalidade importante do aplicativo é o registro e monitoramento de indicadores de saúde, como níveis de pressão arterial, taxa de filtração glomerular (TFG).

Com o Renal Me, os pacientes podem acompanhar seu progresso e ter um histórico completo de seus resultados, permitindo que eles e seus médicos avaliem a evolução da doença e ajustem o tratamento conforme necessário.

A médica Patrícia Schincariol, nefrologista do HC da Unicamp e Hospital Mário Gatti, destacou a importância do aplicativo em todos os estágios da doença.

“O manejo diário é muito difícil. A dieta que é muito saudável para uma pessoa que não é doente pode ser muito prejudicial para um paciente renal. E o mais importante é a felicidade e liberdade que esses pacientes vão ter durante o tratamento. É mais tempo de vida, mas também com qualidade de vida, o que é essencial”, diz.

Lembretes

Para garantir a eficácia do tratamento, o aplicativo também possui um sistema de lembretes e notificações para que os pacientes tomem seus medicamentos nos horários corretos.

Essa funcionalidade é fundamental para evitar a interrupção ou redução do efeito do medicamento, minimizando o risco de complicações ou agravamento da condição médica.

A detecção precoce e o tratamento adequado em estágios iniciais também são fundamentais para prevenir a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

O Renal Me possibilita que os pacientes tenham acesso a recursos adicionais e suporte emocional, tornando a jornada com a doença renal crônica mais fácil e segura.

Uso de aplicativo inédito reduz em 27% o ganho de peso entre diálises de pacientes renais crônicos

Beber água com frequência e consumir um prato colorido e rico em nutrientes é sinônimo de saúde para a maioria das pessoas. Mas não para os pacientes de Doença Renal Crônica (DRC), que precisam seguir uma dieta cheia de restrições.

Alguns desses pacientes chegam a reter quatro quilos de líquidos entre uma e outra sessão de diálise. E perdem todo esse peso em algumas horas, depois de concluir o procedimento.

O aplicativo inédito no Brasil, Renal Me, reduziu em 27% o ganho de peso interdialítico (quantidade de líquido acumulada pelo paciente entre as diálises). O uso da ferramenta também reduziu significativamente os níveis de potássio e fósforo no organismo dos pacientes.

As conclusões são da pesquisa “O impacto de uma solução digital para o acompanhamento e melhora dos parâmetros metabólicos de pacientes com Doença Renal Crônica”, que avaliou o impacto do uso do aplicativo em pacientes com DRC em tratamento de diálise.

“A vida de um paciente em diálise é muito sofrida, com restrições. Eles não podem beber água como bebemos, porque a maioria dos pacientes não conseguem eliminar adequadamente todos os líquidos ingeridos”, aponta a nutricionista e diretora da Kronics, Dra. Carol Netto.

O estudo foi feito com 30 pacientes do Centro de Nefrologia da Unicamp, em Campinas, entre abril e agosto deste ano.

Durante 90 dias, participaram do estudo 20 pacientes em tratamento de hemodiálise, dez utilizando o aplicativo e 10 no grupo de controle, e 10 pacientes em tratamento de diálise peritonial automatizada (realizada diariamente em casa), com idade média 45 anos, 19 mulheres e 11 homens.

Os pacientes que utilizaram o Renal Me tiveram redução de peso interdialítico, redução nos níveis de potássio e fósforo, melhora na qualidade alimentar, no bem-estar geral e nos parâmetros laboratoriais, comparados ao grupo de controle e aos próprios pacientes no início dos estudos.

Confira dados apontados pelos testes de validação clínica feitos com o aplicativo Renal Me no (CIN) Centro de Nefrologia da Unicamp


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