Os Agentes do Destino: Existe um caminho a ser vivido, ou vivemos o que criamos?
O que fazemos, onde estamos com quem convivemos, o que permitimos viver são escolhas realmente nossas ou simplesmente uma ação do destino?
Até que ponto refletimos e identificamos algo que fazemos ou gostaríamos de fazer por simplesmente desejar que seja assim? Aceitar tudo da forma como chega em nossas vidas sem o mínimo de reflexão é o certo?
O filme Os Agentes do Destino, lançado em 2011, dirigido por George Nolfi, mesmo após 4 anos de seu lançamento, continua sensibilizando quem o assiste , deixando uma mensagem um tanto quanto provocante sobre o destino e nossas ações.
A trama conta a vida de David Norris (Matt Damon) um jovem político com uma carreira promissora ao Senado. Tudo corria bem em suas campanhas até conhecer Elise (Emily Blunt), uma bailarina muito talentosa e dedicada, por quem David se apaixona.
É partir deste ponto que “os agentes do destino” entram em ação para impedirem David de encontrar com Elise, pois “não estava escrito” no plano de vida dos dois ficarem juntos e ficar com Elise automaticamente tirava David da disputa ao Senado.
É justamente neste ponto, de nascermos com “tudo escrito” que causa uma certa indignação, pois a possibilidade de aceitar os acontecimentos em nossas vidas sem a mínima imposição, crítica ou dúvida é algo confortável e por que não dizer fácil?
É tão comum ouvir de amigos, familiares, parceiros que isso ou aquilo que aconteceu em nossas vidas, ou na vida de outros foi “porque tinha que ser assim” ou “estava escrito, por isso aconteceu”…
Esses e outros tipos de pensamentos “confortáveis” que muitas das vezes impossibilitam o crescimento e a descoberta das nossas potencialidades, das nossas características e dos conhecimentos que podemos adquirir e tudo aquilo que serve para transformação que inspira uma vida autêntica e porque não dizer mais feliz e plena.
Aceitar tudo da forma que se apresenta, seja um trabalho onde se vive infeliz, um casamento ou namoro desgastante que já não nos inspira e nos deixa infelizes, uma amizade infrutífera que ao invés de acrescentar acaba tirando nossa energia e qualquer outro tipo de relacionamento que nos oprime e nos deixa enfraquecidos diante da vida, não merecem ser os autores de nossas histórias.
Para podermos adquirir forças para reverter essa situação é necessário primeiramente mudar nossa forma de enxergar como as coisas se apresentam a nós, por isso é importante adotarmos uma postura mais firme e ativa que possibilita uma visão além do alcance, de ver além daquilo que é visto, dito ou realizado em nossa vida, seja por alguém que convivemos ou por nós mesmos.
Adotando essa postura mais ativa, porque não dizer de deixar o papel de espectador e assumir o papel de protagonista de nossa própria história, automaticamente deixamos o papel de vítima, aprendemos que aceitar tudo que acontece sem nos posicionar não vai mudar nossa vida, nosso relacionamento, nosso trabalho e qualquer outra coisa que acomoda a infelicidade em nossa vida.
Além da posição de vítima que muitas pessoas adotam, seja porque é confortável, mais fácil e também porque “ganham” algo com isso, existe aquela ideia fantasiosa de mudar o outro, como se tudo se resolvesse num simples passe de mágica, onde a mudança do outro resolvesse todos os meus problemas e me conduzissem ao mundo encantado, onde não preciso de esforços ou qualquer outro tipo de empenho, pois sei que tenho alguém que o faz por mim.
É nessas horas que penso na utilidade da agulha e de sua ponta afiada e precisa para estourar esses balõezinhos imaginários de mundo encantado com unicórnios cor de rosa saltitante.
Essa mesma agulha, considerada a vilã da história que lança a pessoa de volta a realidade e proporciona uma revisão dos papéis, isto é, porque escolher ser a “mocinha” ou “mocinho” se você pode ser um herói?
Pensar que o “herói” o tempo todo se dá bem e é aplaudido é convidar os unicórnios cor de rosa para trama novamente e aí automaticamente a agulha tem que dar o ar de sua graça. Já repararam nos filmes de super heróis? Eles não são 100% bons e fortes o tempo todo, eles fraquejam, choram, perdem e sofrem muitas vezes ao longo de um filme.
A diferença é que eles não deixam que o momento ruim que vivenciam abafem seu brilho e sua força, eles aproveitam para aprenderem algo com suas derrotas e analisam seus pontos fracos para aprenderem a modificá-los.
Podemos dizer que David, começou o filme neste cenário de unicórnios saltitantes, mas a agulha que na verdade era o seu desejo o possibilitou imaginar uma vida diferente, com desafios e produções próprias.
Acreditar e aceitar esses fatos sem questionar faz com que nos tornemos apenas os passageiros do destino, ou para alguns “obras do acaso”.
Mas desde quando viver é algo pronto? Será que não lutamos a cada dia por algo que desejamos profundamente? E o que falar daqueles desejos maravilhosos e únicos que só de pensar nos provoca uma sensação de “estar mais vivo”?
Sim, esta sensação de estar mais pleno, com mais energia e mais motivado é a consequência da magia que se apresenta perante a vida quando nós vivenciamos o que gostaríamos de vivenciar, quando somos fiéis aos nosso ideais e por fim, quando estamos sintonizados com o que verdadeiramente somos.
Parece que David Norris pensa como eu e milhares de pessoas que acordam a cada manhã pensando em realizar algo bom em suas vidas, de abrir a gaveta dos sonhos e listar estratégias para alcançá-los não medindo esforços ou ficando inertes frentes as dificuldades, problemas e pessoas que não acreditam que seja possível ser autor da própria história.
Lingia Menezes de Araújo
Psicóloga Clínica
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