Divertida Mente
A oportunidade de aprendizado está em tudo que aproximamos, vemos, ouvimos e principalmente quando nos permitimos ser tocados. Talvez essa “permissão” nos aproxime mais da essência das coisas e dos intermináveis aprendizados que podemos nos valer na vida.
E hoje, o texto é um pouco sobre esse “permitir ser tocado”, principalmente por histórias comuns a todos, pelo menos por aqueles que escolheram viver ao invés, de apenas existir.
Pessoas que apenas existem, talvez apresentem certa dificuldade de experimentar a essência e a magia da vida, isso porque não se permitem empolgar com as coisas simples, não se contagiam com a felicidade alheia, com o sorriso gratuito ou um olhar demorado de uma criança, talvez porque adormeceram a “criança” dentro de si mesma.
Mesmo sendo uma animação infantil, o filme Divertida Mente da Disney & Pixar (2015), proporciona esse novo significado sobre o “viver”, talvez seja porque ele vai, além disso, de uma simples história.
Mais engraçado e particularmente encantador é constatar que dentro do cinema são os adultos que estão vidrados na tela, emocionados com o desenrolar da historia e ansiosos com o desfecho da aventura. Talvez aquela “criança adormecida” tenha finalmente acordado dentro deles, por tratar de forma leve sem perder a profundidade sobre o que é crescer e tornar se adulto.
Essa caracterização e nomeação dos sentimentos (alegria, tristeza, nojinho, medo e raiva) comum a todos, permite nos reconhecer que o crescer é permeado de aprendizados, alguns um pouco dolorosos e evitados, mas ainda assim, aprendizados que nos formam e nos aperfeiçoam de alguma forma.
Alguns sentimentos são evitados, como por exemplo, a tristeza, outros nos assumem sem percebermos, como a raiva e o medo e a alegria, ah…essa é sempre a mais cobiçada. Mas todos eles tem sua importância e um não existiria sem o outro. Afinal, como diferenciar a alegria sem saber o que é a tristeza?
Essa, a mais evitada, talvez represente o quanto a vida é feita de contrastes e justamente por ser assim, que aprendemos tanto com ela. Pois os momentos tristes que vivenciamos também são importantes. Ninguém conseguiria ser feliz e alegre o tempo todo, a vida assim não teria graça alguma, não teria sentido sem as dificuldades, sem o medo, sem a tristeza!
De uma forma encantadora e divertida, a animação comprova como esse contraste de sentimentos coexiste dentro da gente, como um momento alegre pode em instantes dar lugar para o medo, a raiva, o nojo e por fim para a tristeza.
A vida em si é assim, essa mistura complexa e rica de experiências que vai aos poucos, nos compondo. Alguns momentos armazenamos na memória, outros esquecemos, mas ainda sim, todos com seu grau de importância.
Logo no inicio do texto disse sobre algumas pessoas que apenas existem e outras que vivem. Essas que apenas existem temem a tristeza e por isso perdem oportunidades incríveis. Talvez ainda não entenderam que o sofrimento é inevitável, e mais do que isso, ele é necessário.
Já essas outras, que vivem se permitem passar todos esses sentimentos tratados ao longo do filme, elas sentem medo, nojo, alegria, raiva e também se entristecem, mas no final se deixam ser tocadas pelas inúmeras possibilidades que a vida oferece. Por fim, encontrar o equilíbrio desses sentimentos, é no final, amadurecer.
“De tudo, ficaram três coisas: Fazer da interrupção um caminho novo.
Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada,
Do sono uma ponte, da procura um encontro.”
Fernando Sabino
Lingia Menezes de Araújo
Psicóloga Clínica
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