Fritjof Capra: O Brasil pode ser líder mundial em crescimento qualitativo
Frijof Capra participou, no último 28 de março do Encontro de Sustentabilidade, promovido pelo Santander. O físico austríaco, um dos maiores pensadores do mundo na área da sustentabilidade, encantou a platéia de cerca de 600 pessoas com suas reflexões e deixou bem claro: o Brasil pode ser líder mundial quando o assunto é crescimento qualitativo.
“Vejo no Brasil uma valorização dos relacionamentos humanos, da beleza, da alegria e da qualidade de vida. E vocês brasileiros são conhecidos por isso lá fora. Essa importância que vocês dão as relações é essencial para o crescimento qualitativo”, disse Capra.
Capra iniciou sua exposição explicando algumas de suas ideias mais conhecidas, como a importância das comunidades e das redes para o desenvolvimento sustentável, o pensamento sistêmico, o crescimento qualitativo e a nova ciência da complexidade.
Mas o foco principal da palestra girou em torno da “Alfabetização ecológica”, uma abordagem multidisciplinar, participativa e complexa dos processos naturais que regem a vida no planeta, importante de ser absorvida tanto por crianças e jovens quanto por profissionais e líderes governamentais e empresariais.
Explicando um pouco da pedagogia utilizada em seu Centro de Eco-alfabetização, localizado em Berkeley, nos EUA, o físico enfatizou a importância do contato com a natureza.
“O contato direto com o meio ambiente reconecta as pessoas com a origem dos alimentos e, consequentemente, as reconecta com a essência da vida. É importante que elas não apenas entendam os processos, mas os vivenciem”, afirmou.
Além disso, ressaltou que “o dilema fundamental da humanidade nesse momento é a crença irracional em que o crescimento ilimitado seja possível em um planeta com recursos finitos”.
Fritjof sugeriu um novo posicionamento necessário às lideranças, que, ao invés de controlar a equipe por meio de uma hierarquia, deve começar a pensar em empoderar as pessoas trabalhando em uma estrutura de rede.
Em uma de suas reflexões, Capra respondeu a questão: “Ainda temos tempo para salvar o planeta?” Para ele, “a esperança está na perseverança em agir de uma certa maneira, com a certeza de que se está fazendo a coisa certa, sem se preocupar demais com o tempo das mudanças.”
O físico acrescentou ainda que o medo não deve ser um fator paralisador, impedindo que ações sejam tomadas no presente.
via Santander Sustentável
Acompanhe uma entrevista de Capra concedida à TV Cultura em 2011: