Remédios para gripes e resfriados podem ser contraindicados para quem tem glaucoma
Alguns fármacos que combatem sintomas de problemas respiratórios podem elevar pressão dentro do olho e levar a um glaucoma agudo
O uso de medicamentos isentos de prescrição médica para combater sintomas de resfriados, gripes e alergias é muito comum no Brasil. Entretanto, alguns remédios para os problemas respiratórios, típicos do inverno, podem ser contraindicados para quem tem glaucoma.
Segundo Dra. Maria Beatriz Guerios, oftalmologista geral e especialista em glaucoma, em geral os medicamentos antigripais são compostos de analgésicos, antitérmicos, antialérgicos e vasoconstritores.
“Estas formulações ajudam a aliviar a dor, controlar a temperatura, reduzir as reações alérgicas e melhorar a congestão nasal. Em relação ao glaucoma, o problema está nos fármacos vasoconstritores, como o cloridrato de fenilefrina. Esta substância reduz a congestão nasal e a irritação na garganta. Em geral, está presente nas formulações indicadas para uso durante o dia”.
Riscos ocultos
Os analgésicos mais usados no Brasil não possuem contraindicação para quem tem glaucoma. Por outro lado, é preciso tomar cuidado com os antialérgicos.
“Os medicamentos que combatem os sintomas das alergias, como rinite, sinusite e asma, podem causar uma crise de glaucoma agudo, elevando rapidamente a pressão intraocular. As pessoas com glaucoma de ângulo fechado não devem usar este tipo de medicamento”, alerta a oftalmologista.
“Nas outras formas de glaucoma, o uso de antialérgicos não costuma elevar a pressão dentro do olho. Outro ponto de atenção é verificar se há algum corticoide na composição do medicamento, sendo este fármaco outra contraindicação importante para quem tem glaucoma”, alerta a médica.
Fenilefrina pode aumentar a pressão intraocular
Durante um resfriado ou uma gripe, os vasos sanguíneos da faringe, que se conectam à mucosa interna do nariz, incham devido aos mecanismos de defesa do sistema imunológico. Desta maneira, a fenilefrina age na vasoconstrição para aliviar estes sintomas.
“Porém, um dos efeitos colaterais da fenilefrina é a dilatação da pupila, chamada de midríase. Ocorre que a midríase pode empurrar a íris na direção do ângulo (espaço entre a íris e a córnea em que ocorre a drenagem do humor aquoso). Isto, por sua vez, pode levar ao estreitamento ou fechamento do ângulo acarretando o aumento rápido da pressão intraocular”, explica Dra. Maria Beatriz.
Portanto, o uso de medicamentos que contêm fenilefrina em sua composição é contraindicado para qualquer forma de glaucoma.
“O ideal é o paciente falar com o seu oftalmologista para avaliar o uso de medicamentos que não alterem a pressão intraocular. Em alguns casos, o uso da fenilefrina pode ser liberado, desde que por pouco tempo e em pessoas com o glaucoma bem controlado”, reforça a especialista.
Cuidado com a cafeína
A cafeína é uma substância que ajuda a combater a fadiga, sendo comum encontrá-la em medicamentos para gripes e resfriados. Quando a dose é baixa não há problemas, já que a dosagem pode ser equivalente à quantidade presente em uma xícara de café. O problema é usar estes remédios por muito tempo e em altas doses, porque a cafeína pode elevar a pressão intraocular”, comenta Dra. Maria Beatriz.
Orientações gerais
Em conclusão: quem tem glaucoma deve conversar com seu oftalmologista antes de consumir medicamentos para gripes e resfriados.
“Nem sempre remédios que não precisam de prescrição são isentos de riscos. Pelo contrário, a automedicação pode causar vários problemas, inclusive aumentar a pressão intraocular, o que pode ser muito grave em pessoas com glaucoma”, finaliza a médica.